quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cuidado, Frágil!

Por favor, não grite comigo,
mesmo que você tenha razão.
Uma conexão otorrinolaringológica faz com que
qualquer voz feroz que entre pelos meus ouvidos
se liquefaça em seu trajeto e
termine por sair pelos meus olhos em forma de lágrimas.
E, se possível, não minta pra mim.
Por depositar fé no ser humano,
acredito em tudo o que me dizem
e mal me lembro de que pode haver provas em contrário.
Cairei em todas as armadilhas e
certamente uma será fatal.
Sempre que me enganam,
morro um pouco além do dia que passa e me consome.
No cômputo geral dos lugares-comuns,
sou uma mulher frágil.
Minha força interior,
que sustenta o peso de meus ossos,
carnes e erros,
suporta pouca carga extra.
E, como resultado, desabo.
Desabo, desmonto, desmorono.
Minha energia vital escorre e
forma ao redor de meus pés uma poça de inseguranças.
Pra minha sorte, comigo, tudo passa rápido.
Nada em mim permanece,
talvez por falta de espaço livre, não sei.
Mas no momento estou no durante e,
no durante, sofro.
Sofro com o que não concordo
e não compreendo.
Sofro com o que não espero e não aceito.
Sofro entre o desejo de me conformar e
a vontade de alterar as formas.
Quando sou conteúdo de um recipiente doloroso,
sofro porque não quero me conter.
Ou ser contida.
Hoje, estou frágil.
Portanto, peço que você fique assim,
perto de mim, só isso.
Hoje eu só quero a mão segura que dá apoio,
sem cobrança.
Hoje eu só peço um punhado de esperanças.

Autora: *Rosana Hermann*

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