sábado, 10 de abril de 2010

Quando a solidão dói demais...

Em primeiro lugar, creio que seja imprescindível esclarecer que as pessoas não se sentem solitárias somente quando não estão se relacionando afetivamente com outra. Muitas vezes, a solidão toma conta da gente de forma profunda e dolorosa mesmo quando estamos acompanhados. Por outro lado, muitas pessoas não experimentam esse sentimento nem quando estão sós.

Então, vale dizer que a solidão é um sentimento que nada tem a ver, necessariamente, com o fato de estarmos sozinhos ou comprometidos. Antes de aflorar e tornar pesada e triste a nossa vida cotidiana, a solidão é uma dor que nasce dentro da gente, em função de um vazio que deveria ser preenchido não por qualquer outra pessoa que não seja nós mesmos. Solidão é a falta latente e excessiva de amor-próprio. Ou seja, é a carência de um sentimento que nem nós mesmos estamos conseguindo nos dar.

Mas, geralmente, justificamos a solidão que sentimos pela ausência de um amor, de um relacionamento afetivo satisfatório, compensador, recíproco. E, assim, nos sentindo vítimas de um abandono inexplicável, conseguimos apenas chorar. A impressão que temos é a de que o mundo não tem mais razão de ser, como se esse espaço vago, escuro e frio que ocupa o nosso coração fosse transbordar e inundar toda a nossa vida, nos afogando numa tristeza sem fim...

No entanto, costumo pensar que a vida é uma grande mestra. Acredito sempre que as nossas dores são como preciosos sinais, para que percebamos que algo precisa ser mudado. Então, se você sente que a solidão está consumindo toda a sua alegria de viver, sugiro que você tente descobrir o que a vida está querendo lhe dizer. Qual é a parte dentro de você, ou qual é a área de sua vida que você abandonou? E em nome de que ou de quem você tem feito isso consigo próprio?

Imagine uma boneca numa prateleira de uma loja. Por algum descuido de um vendedor, ela caiu atrás de outros brinquedos e ficou invisível aos olhos dos compradores. Assim, meses se passaram e ela foi ficando empoeirada, suja, sem cor e sem atrativos. Certo dia, um vendedor encontrou a boneca enquanto limpava as prateleiras. Imediatamente pensou em jogá-la no estoque da loja, como mercadoria estragada. Afinal de contas, comparada aos demais brinquedos, com aparência de novos, perfume gostoso, cores vibrantes e embalagens atraentes, certamente ninguém se interessaria por aquela boneca e ela ficaria ali somente ocupando espaço. Realmente, ele tinha razão em seu raciocínio. Ninguém daria preferência a um brinquedo sujo e feio podendo escolher entre tantos outros bonitos.

Nós também somos como as lojas de brinquedos e, na correria do dia-a-dia, algumas de nossas bonecas, alguns de nossos brinquedos caem atrás de nossas prateleiras. Terminamos nos esquecendo deles e eles perdem seu viço, sua cor, seu brilho. De repente, ao olharmos para dentro de nós com um pouquinho mais de atenção, descobrimos nossos brinquedos sujos. O que fazemos? Jogamos um por um em nosso depósito de lixo? Desistimos deles por causa de seu estado de deterioração?

Não somos objetos, somos pequenos pedaços de amor, somos fragmentos de vida e precisamos de cuidados que somente nós mesmos podemos e sabemos nos dar. Ao invés de ignorarmos nossas partes sujas e feias, precisamos urgentemente cuidar delas, limpa-las, trata-las com carinho e transforma-las em luz, em beleza, em atrativos.
Caso contrário, os meses vão passando, os anos vão embora e a nossa vida vai se resumindo em prateleiras vazias e depósitos abarrotados de lixo! E o que nos resta é uma solidão profunda e dolorida, um silêncio amargo que impregna tudo ao nosso redor. Mas felizmente podemos mudar isso. Sempre haverá força e coragem em algum cantinho de nossa loja para iniciarmos uma limpeza geral.

Dispense a solidão e contrate o amor como segurança da sua loja. E esteja certo de que ninguém fará isso por você, por mais que você espere, por mais que você peça, por mais que você implore. Surpreenda a todos. Surpreenda você. Feche-se para uma reforma. Coloque-se um prazo para reabertura de suas portas e inaugure uma nova e maravilhosa loja, com prateleiras repletas de lindos brinquedos. E eu lhe garanto que a solidão passará longe de sua porta!

Fonte: tempodepoesia

3 comentários:

  1. Texto interesante... E eu penso como Chico Buarque que diz algo assim: " Solidão só nao dói, quando é opciona!"... Acho que temos mesmo que estar bem, acompanhadas ou nao, eu sou exigente demais com minhas companhias...rs... Desde amigos e namorados, maridos! rs... E gosto muito da minha própria companhia!
    Beijinhos!

    ResponderExcluir
  2. Olá Mirtes... Gostei n só da aparencia do seu Blog, como tb da sua psicologia na forma de falar da solidão, falou de forma espiritual, e p quem esteja se sentindo só de verdd, se conseguir chegar aqui e ler, talvez consiga mudar a vibração, descobrindo que jamais seremos felizes, se não amarmos primeiro a nós mesmos... Abraços

    ResponderExcluir
  3. Tem uma frase que fala sobre "estarmos solitário mesmo cercado por gente em todos os lados..."

    Solidão é tão complexo quanto felicidade: como descrever o que sentimos, o que se passa em nossa cabeça e em nossos corações nesse momento?

    Lindo o post, como eu gosto: BEM ESCRITO E FLUENTE EM PORTUGUÊS...rs

    Adorei o cantinho...

    Ganhou um fã

    Dá uma passada no meu espaço, pois acho que vai gostar...

    Beijocas

    ResponderExcluir

Gostou do Blog? Deixe um Comentário!